Flávio Decat. Foto sem crédito.
Montgomery Holanda
“Este mundo é engraçado, engraçado como o quê, pra fazer uma piada basta só você querer...”E foi exatamente isso, uma galhofa imensurável, que fez esta semana, o presidente da Cepisa - Centrais Elétricas do Piauí S.A. , com sede em Teresina, o carioca e residente no Rio de Janeiro, Flávio Decat, ao ocupar a mídia local para dar uma sugestão inusitada e totalmente fora da realidade piauiense: “os débitos dos hospitais do interior do Estado poderão ser quitados com contribuições mensais dos consumidores de energia”. E adiantou que cada família poderia colaborar com até R$2,00 mensais.
Confesso que fiquei pasmo, boquiaberto, sem acreditar no que acabara de ver e ouvir nas emissoras de televisão de Teresina. “Ora, direis ouvir estrelas...”, logo a Cepisa, que vem massacrando os piauiense com suas tarifas estratosféricas, com a energia de péssima qualidade, com quedas de tensão e apagões diários, que não pode ouvir falar que vai chover, sugerindo que os consumidores paguem os débitos alheios – do Governo do Estado e das prefeituras.
Ainda não enlouqueci, mas como a Ismália, de Alphonsus de Guimarães, me senti numa torre a sonhar, querendo subir ao céu e querendo descer ao mar. E também a me perguntar: por que a direção da Cepisa foi entregue a um estranho, em detrimento de tantos técnicos piauienses capazes de sanar e modernizar a empresa?
Esquece o autor da idéia estapafúrdia (ou se faz de besta pra melhor passar) que, nós coitados consumidores de energia já pagamos, além do exorbitante valor do Kilowatt / hora, o ICMS , taxa de iluminação pública, PI e COFINS. E que também não somos ressarcidos dos prejuízos, que são altíssimos, quando temos nossos equipamentos eletro-eletrônicos danificados pelas constantes oscilações da energia.
Aproveito a oportunidade para sugerir ao Sr. Flávio Decat que, ao invés de querer meter a mão nos bolsos dos piauienses, ele deveria seguir os exemplos de outras concessionárias de energia, como a Coelce, no Ceará, que está trocando, gratuitamente, geladeiras velhas, por modelos novos e que consomem muito menos energia, permitindo uma economia substancial na conta mensal.
Sei não, mas sendo eu o entrevistador, garanto que condenaria (ao vivo) a atitude do presidente da Cepisa e, caso fosse por ele advertido ou coisa parecida, inverteria os papéis, copiando o general Newton Cruz, após empurrar o repórter Honório Dantas, numa entrevista em Brasília, em 1983, e berraria: “cale essa boca e deixa eu falar...”
O presidente-turista da Cepisa perdeu uma boa oportunidade de ficar calado.
Por este e por outros motivos idênticos, estou pensando em voltar a ler Don Quixote.
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