Caetano Veloso. Foto sem crédito.
A discussão sobre os fundamentos da arte contemporânea parece que volta à ordem do dia. Neste início de 2009 com a catástrofe das bolsas, crise de Gaza, aquecimento global... o debate é oportuno, até porque pelo viés da arte muitas vezes se conhece melhor o mundo do que pela análise isolada de seus problemas. Afinal não seria essa uma das funções da arte?
Affonso Romano de Sant’Anna, por quem tenho grande afeição e admiração como poeta e crítico (de literatura, vide seu ensaio sobre Drummond) há mais de uma década que deblatera contra o que chama de “promiscuidade entre curador, crítico, historiador de arte, galerista, diretor de museu” que teriam criado uma “indústria internacional de interesse que passa pelas grandes corporações e pelas empresas estatais que patrocinam essa arte oficial”.
Por outro lado, Caetano Veloso desanca com o crítico Alexei Bueno que em recente obra sobre história da poesia brasileira nega importância à poesia concretista, acusando Caetano e os concretistas de “num esquema de uma-mão-lava-a-outra” se aliarem em busca de um endosso erudito para Caetano em troca de uma aura popular para os concretistas. Bueno é velho conhecido nosso de quando afirmou que Antonio José da Silva, o Judeu, poeta e dramaturgo do século 18, não era brasileiro, mas exclusivamente português, o que me levou a contestá-lo numa troca de cartas no caderno Prosa e Verso do jornal O Globo.
Quando recentemente lancei o DVD de Os Doces Bárbaros, vide matéria de O Globo, chamei atenção, inclusive a partir de um ensaio do concretista Augusto de Campos de 1968, para a relação íntima entre Os Doces Bárbaros e o Tropicalismo. Pessoalmente, minha tese (a conferir) é que o Concretismo antecipa o movimento da arte Conceitual nos anos 70 e seguintes (e que continua firme e forte a despeito de visões como de Affonso Romano).
Outra tese (também a conferir) é que: tivessem prestado atenção ao que a arte conceitual prega, talvez tivessem enxergado, quando trilhões de dólares sumiram do dia pra noite, que a riqueza econômica capitaneada pelas bolsas era...puro conceito. No fundo não era isso que a arte conceitual vem dizendo há 40 anos, que arte é o que a gente chama de “arte”? Conservadores apelam para teses conspiratórias quando querem negar as mudanças do mundo.
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