Montgomery Holanda
Para quem não gostou ou duvida da veracidade do meu comentário sobre a institucionalização da ociosidade rural, devido às políticas paternalistas dos políticos e dos gestores públicos, transformando a esperança em desespero de milhões de pessoas, que deixaram o campo e passaram a viver próximas ao progresso das grandes cidades, com miseráveis aposentadorias e a “renda” do bolsa-família, vou acrescentar mais uma dura e cruel realidade, a respeito do assunto:
O governo federal, através do Ministério da Previdência Social, mantém um programa chamado Prestação de Serviços Continuados. Consiste em pagar um salário mínimo mensal para as pessoas com graves deficiências físicas e mentais, totalmente incapazes para o trabalho e cujas famílias não dispõem de recursos para a sobrevivência. Até ai, nada demais, pois até considero justo.
Acontece que, a cada dois anos, o Ministério contrata assistentes sociais para investigar, em todo o país, como esse projeto está sendo executado. Na última avaliação, descobriu-se, devido a denuncias anônimas, em várias regiões do país, que alguns beneficiários haviam morrido e enterrados nos quintais de suas residências e os respectivos óbitos não foram comunicados a quem de direito, enquanto os parentes, de posse dos cartões e das senhas, continuavam recebendo os benefícios nas agências bancárias.
No Piauí, uma assistente social descobriu dois casos. Enquanto preenchia um formulário relatando um dos fatos, público e notório, denunciado pela própria vizinhança, a assistente social recebeu a seguinte ameaça:
- Doutora, tenho um filho que mora em São Paulo , que é do PCC (Primeiro Comando da Capital) e se a senhora mandar isso pro INSS, ele vem ao Piauí só pra lhe matar.
O fato foi denunciado e não sei sobre o resultado, mas fica evidenciado o quanto é prejudicial esse tipo de política assistencialista: quintais se transformam em cemitérios, para esconder defuntos, em troca de um salário mínimo mensal.
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