domingo, 25 de janeiro de 2009

Nostalgia

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Ele sempre me pegava de surpresa, fazendo eu acreditar que era lembrada nas horas mais corridas do dia. Me sentia importante quando o telefone tocava.

No quarto dele, tinham bolinhas azuis que circulavam por todo o quarto junto com a luz negra, que juntas parecia um show, um espetáculo a parte montando para mim.

Ele me recebia perfumado, sempre.

Aquele homem me surpreendia a cada sorriso.

Sempre verdadeiro, meio sem graça quando eu dizia que estava apaixonada, era assim que a gente levava: Ele tinha os medos dele, eu entregue a paixão fulminante. Ele tinha uns casos a parte, eu também mantinha os meus (para sobreviver a todo esse episódio), mas nenhum dos dois se desrespeitava e os dois mantinham um certo segredo sobre as "fugas" desenfreadas.

Com ele eu tinha uma coisa de pele, de tesão que eu jamais tive com ninguém.

Delivery. O celular tocava e em 10 minutos eu estava frente a ele cheirosa, de lingerie nova, com um sorriso no rosto e sem nenhuma dor na consciência.

Ele não sabia, mas eu já era dele.

E aí eu me apaixonei primeiro pelo sexo e não demorou muito para eu sentir falta da presença dele também.

Afinal, quando o sexo é bom, além dos corpos entrelaçados, o coração acaba se unindo no mesmo sentido.

E por quase todas as noites eu adormecia nos braços dele. Pulava da cama as 6 da manhã preocupada de estar invadindo seu espaço e ao mesmo tempo querendo muito fazer parte daquele espaço, daquele mundo que ele vivia.

Chorei muitas vezes, fingi que não queria algumas vezes, me desconcentrei do trabalho, da casa, da vida... sofri.

Porque ele queria aquilo ali e nada demais.

E depois dos carinhos trocados, das gargalhadas, do jantar? Como eu ia para casa com o cheiro dele sem ter nenhuma esperança? Era injusto, mas era a realidade.

Então, por obra do destino, ele começou a sentir minha falta. Fazia questão de estar comigo no final de semana, com os amigos, numa noite de chuva ou num dia de sol.

E foi aí que ele virou eu, e eu virei ele.

Deixei minha vida, revi meus conceitos, mudei minhas atitudes.

Vivi para ele... curti o rock'n roll, acreditei no impossível, deixei meus sambinhas de lado e alguns amigos também.

E ele ali, fazendo valer a pena cada segundo da minha vida.

Me acordando com carinhos, dividindo o café da manhã, me esperando no jantar, vivenciando comigo nossos melhores momentos.

Eu morria de orgulho dele ao lado, e ele sempre receptivo.

E assim foi durante todo esse tempo: cúmplices, amantes, amigos... unidos até o último fio de cabelo.

Já devia estar escrito. E histórias como esta, não tem ponto final.

Mesmo que o dia-a-dia corrido nos faça esquecer do café da manhã, do jantar, do banho juntos, de contar o dia, de desejar boa sorte, de dizer que ama, de dar um abraço, de deitar no peito na hora de domir... nada disso muda o que a gente sente aqui dentro.

E amores como este são eternos, lindos, bem vividos e especiais.

Posso terminar por aqui, mas essa história fica.

E o sorriso lindo que só ele tem também fica grudado em mim como tatuagem.

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