Estava hoje à tardinha no casarão de Genu Moraes, ela tomando aulas de computação com Denise, um amor de professora, quando o telefone tocou. Era uma amiga avisando que acabara de falecer, em sua residência, na Rua Rio Grande do Sul, Bairro Piçarra, zona Sul de Teresina, aos 93 anos de idade, o advogado, jornalista e escritor William Palha Dias. Há três anos ele sofreu um acidente vascular cerebral, que complicou seu quadro de saúde posteriormente. Nesta terça-feira, uma crise asmática, seguida de uma parada cardíaca, deu-lhe o fim, deixando seis filhos, entre eles o advogado Sales Palha Dias. Entre os netos, o cantor Saulo Dugado.
Vida e obra - William Palha Dias, filho de Claudionor Augusto Dias e Leonor Palha Dias, nasceu em Caracol, Sul do Piauí, em 17 de setembro de 1918. Estudou desde pequeno no seu estado de origem, o Piauí, tendo, inicialmente, sido autodidata. Bacharel em Direito, Juiz de Direito aposentado. Jornalista profissional, foi um dos fundadores da antiga Associação Profissional dos Jornalistas do Piauí, transformada em sindicato da classe. Ficcionista e historiador. Além da Academia Piauiense de Letras (cadeira de número 4), o escritor fazia parte do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí, Instituto Histórico de Oeiras, da Associação Piauiense de Imprensa, da União Brasileira de Escritores no Piauí, da Academia de Letras da Magistratura e do Sindicato dos Escritores no Estado do Piauí. Membro do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, no Piauí. Ex-funcionário d o Departamento de Estradas de Rodagem do Piauí, onde foi assessor técnico. Cidadão honorário de Cristino Castro, Pedro II, Regeneração e Teresina. Sua primeira obra foi lançada em 1959 (Caracol na História do Piauí). Depois disso vieram Endoema (1965); Vila de Jurema (1973); ...E o Sibarita casou... (1978); Os Irmãos Quixaba (1979); Mulher Dama, Sinhá Madama (1982); O Dia-a-Dia de Todos os Dias (1983); Alcorão Rubro (1994); Memorial de Um Lutador Obstinado (1997); Flagrantes do Quotidiano (1998); Papo-Amarelo – Drástica Solução (2000); São Raimundo Nonato - de Distrito-Freguesia a Vila (2001) e Marcas do Destino (2003). Adotado em vestibulares no Piauí, Os Irmãos Quixaba virou um filme curta-metragem em 2004.
Luto - Genu Moraes, jornalista, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas do Maranhão e da Academia de Ciências do Piauí, disse que o Piauí ficou mais pobre intelectualmente com a partida de William Palha Dias, um grande ficcionista e historiador de escol. O professor Cineas Santos, que também nasceu em Caracol, lamentou o falecimento do escritor. "William Palha Dias, meu conterrâneo de Caracol, era um ficcionista, um historiador muito preocupado com a sua aldeia. Além de escritor, foi um magistrado correto e honrado. É uma grande perda para todos nós." O presidente da Academia Piauiense de Letras, escritor e advogado Reginaldo Miranda, disse que a Casa de Lucídio Freitas perdia um dos seus melhores quadros. Eu, Kenard Kruel, que privava da amizade de William Palha Dias, faço esse registro lembrando do verso de Da Costa e Silva: Saudade - asa de dor do pensamento.
Um comentário:
Eu não lamento a morte do Dr. Palha Dias, ele fez o que todo homem inteligente, consciente, honrado, digno, responsável tem que fazer: Postar-se na vida de maneira coerente, construindo um monumento de conhecimento, de riqueza espiritual de forma que as gerações futuras sigam o seu exemplo. De forma que a humanidade receba seu legado e dele tire o melhor proveito possível. Palha Dias foi um homem que não passou pela vida em brancas nuvens, ele mergulhou no cinzento da alma humana, dissecou os mistérios da vida, conheceu os meandros da simplicidade do ser humano e pode avaliá-lo na forma animalesca e na humana. Feito isso, ao longo de tantos anos, rendeu-se à mãe terra, que ao som dum manta de energia cósmica, recebe de volta toda matéria que criou, acomoda no seu seio e deposita no cosmo, o espírito leve, etéreo, suave dos seres humanos. Palha adaias, está apenas transformado. E se quizermos ele continuará no meio de nós, agregando valores imensuráveis.
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