sábado, 4 de fevereiro de 2012

Eles topam a imprensa livre?

Charge de Nani.

José Maria Vasconcelos
josemaria001@hotmail.com 

Deixei de acompanhar jornais, rádios, sites, cuja linha de jornalismo se estabelece na bajulação, no laudatório, na dependência áulica. Por dependência áulica, entenda-se a informação elaborada sob direção ou batuta de autoridades públicas. Sob cabresto. Deleto a notícia prontinha, vermifugada contra qualquer crítica ou ataque, embora ornada elegantemente. 

Há, em Teresina, canais de comunicação reconhecidamente equilibrados, tanto na ética profissional quanto nos interesses comerciais. Sem aludir às televisões, destaco a Rádio Pioneira, Jornal Diário do Povo e Teresina FM. Alguém duvida? Comece pelo popular radialista Joel Silva, todas as manhãs na Pioneira; Tôny Rodrigues e Pires de Saboia, na FM Teresina, às 7; Jornal Diário do Povo, especialmente Zózimo Tavares e comentaristas políticos. São meios de comunicação e formadores de opinião consagrados pela credibilidade, informação, coragem e interesse público. As duas emissoras arriscam a liberdade de imprensa, interagindo com os ouvintes de todos os naipes e opiniões adversas. 

Por que alguns políticos e autoridades não topam uma entrevista em emissoras e jornais descomprometidos com o cabresto áulico? Por que eles só frequentam uma só televisão e o mesmo jornal? 

Qual autoridade toparia uma entrevista, ao vivo, para responder a perguntas, por telefone, sobre questões que se encontram engasgadas na opinião pública? Quem responde pelas dezenas de obras inacabadas? Governador, quando sairá do discurso exaltado e sorridente a construção do Rodoanel, prometido no momento em que pipocou o caso da Fernanda Lages, quando promotores e imprensa desconfiavam de gente graúda envolvida no assassinato da jovem? Cadê você, Antônio José Medeiros, desaparecido do mapa, fazendo o quê, em Brasília? Senhores parlamentares, aproximem-se dos microfones abertos à opinião pública e prestem contas do que realizam. Não aceito debate sobre coligações e próximas eleições, pura esperteza e engodo premeditado. 

Perguntas, também, que se poderiam fazer a grandes empresários. Por que supermercado querem eliminar as sacolas plásticas, gratuitas, a título de preservação ambiental? Por que a mesma preocupação não sinaliza para os produtos, como xampus e bebidas plastificadas? As grandes redes de supermercados estão nas mãos de gigantes: uma europeia, uma americana e uma brasileira. Na Europa e EUA, as sacolas plásticas são vendidas na entrada dos supermercados pelo próprio estabelecimento. A moda tenta entrar no Brasil fantasiada de preocupação ambiental. Para salvar o planeta ou o bolso, transformando custo em receita? 

Imprensa venal e áulica assemelha-se a burro de carga chicoteado por carroceiro perverso. Ai da opinião pública sem informação sadia e justa, sem meios para, em vez de domar o burro, clamar contra o carroceiro. O Piauí evoluiu, mais que o Maranhão, em consciência política e coletiva, graças à cobrança de poucos mas encorajados meios de comunicação, resultando em alternância de cabeças no poder. Sem o jornalismo investigativo da revista Veja e da grande imprensa, leais aos interesses nacionais, jamais se descobririam os labirintos da malandragem de toga e os de chapa branca. 

Resta-me saber se todo jornal ou rádio permitiria publicação ou debate de matérias como esta. Sem copy-desk.

Nenhum comentário: