Delegada Vilma Alves.
Em particular, quando o assunto é Torquato, me vem a lembrança do respeito e a amizade que ele manteve com meus Pais - José Alves (Srº Zeca) in Memoriam e minha mãe (atualmente, a Delegada da Mulher / centro de Teresina) - Drª Vilma Alves. Minha mãe conta que quando estava entre o 4º ou 5º mês de gestação do meu irmão mais velho (Thiago) trabalhava no Instituto de Identificação - SSP-PI, foi designada pelo Diretor do referido Instituto, Drº Delfino Vital da Cunha Araújo (ainda hoje conhecido como perito criminal Vital Araújo - Tio do Poeta) para expedir a 2ª via da Carteira de Identidade de Torquato que deveria viajar na madrugada seguinte para o RJ.
Lembra minha mãe, que o poeta se negava a "ajeitar" os cabelos, mas como já era de costume conversar muito com ele, em demorado diálogo o faz compreender que a fotografia para o R.G. deveria ser: "com a testa lambida, orelha de fora e cabelos bem penteados/amarrados", ele, depois de vários argumentos ao estilo "anjo torto" afirmou que só o faria, porque considerava minha mãe e tb em respeito ao seu "estado de graça- gravidez".
Em fim, a foto foi tirada pelo TOTÓ - fotografo conhecido de nossa cidade. Depois de revelada a foto, Torquato voltou para entregar a foto para minha mãe, quando a indagou sobre a sensação de gerar um filho; e mamãe respondeu emocionada sobre a beleza da maternidade. Torquato perguntou qual seria o nome do bebê; ela respondeu que gostava muito de Tiago mas meu pai havia escolhido Marcos. Torquato elogiou a escolha afirmando que a sonoridade do nome "Tiago" era poética e recomendou que minha mãe optasse pela junção dos nomes e que a grafia fosse: THIAGO MARCUS, escrevendo num pedaço de papel. Minha mãe gostou, mostrou ao meu pai que acatou a opinião...
Bem, lembranças particulares à parte, disponho de algumas informações sobre a biografia do meu conterrâneo na intenção de apresentá-lo àqueles que não conhecem sua trajetória.
Nascido em nossa capital, 9/11/1944, Torquato Pereira de Araújo Neto foi um poeta, jornalista, letrista de música popular, experimentador da contracultura brasileiro. Em 1962, mudou-se para o Rio de Janeiro, e começou a atuar como agente cultural e polemista defensor das manifestações artísticas de vanguarda, como a Tropicália (nosso Poeta envolveu-se ativamente na cena cultural soteropolitana, onde conheceu, além de Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia), o Cinema Marginal e a Poesia Concreta, circulando no meio cultural efervescente da época, ao lado de amigos como os poetas Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos, o cineasta Ivan Cardoso e o artista plástico Hélio Oiticica.
Torquato foi visto como um dos participantes do Tropicalismo, tendo escrito o breviário "Tropicalismo para principiantes", onde defendeu a necessidade de criar um "pop" genuinamente brasileiro: "Assumir completamente tudo que a vida dos trópicos pode dar, sem preconceitos de ordem estética, sem cogitar de cafonice ou mau gosto, apenas vivendo a tropicalidade e o novo universo que ela encerra, ainda desconhecido". Torquato também foi um importante letrista de canções icônicas do movimento tropicalista.
A Historia conta que no final da década de 1960, com o AI-5 e o exílio dos amigos e parceiros Gil e Caetano, viajou pela Europa e Estados Unidos com a mulher Ana Maria e morou em Londres por um breve período. De volta ao Brasil, no início dos anos 1970, nosso poeta começou a se isolar, sentindo-se alienado tanto pelo regime militar quanto pela "patrulha ideológica" de esquerda. Comenta-se que Torquato passou por uma série de internações para tratar do alcoolismo, e rompeu diversas amizades.
À exemplo, das crises, em julho de 1971, escreveu a Hélio Oiticica: "O chato, Hélio, aqui, é que ninguém mais tem opinião sobre coisa alguma. Todo mundo virou uma espécie de Capinam (esse é o único de quem eu não gosto mesmo: é muito burro e mesquinho), e o que eu chamo de conformismo geral é isso mesmo, a burrice, a queimação de fumo o dia inteiro, como se isso fosse curtição, aqui é escapismo, vanguardismo de Capinam que é o geral, enfim, poesia sem poesia, papo furado, ninguém está em jogo, uma droga. Tudo parado, odeio."
Em 1972, o “Anjo Torto” Torquato Neto, ceifou a própria vida um dia depois de seu 28º aniversário,. Depois de voltar de uma festa, trancou-se no banheiro e abriu o gás. Sua mulher dormia em outro aposento da casa. O escritor foi encontrado na manhã seguinte pela empregada da família.
Sua nota suicida dizia: "Tenho saudade, como os cariocas, do dia em que sentia e achava que era dia de cego. De modo que fico sossegado por aqui mesmo, enquanto durar. Pra mim, chega! Não sacudam demais o Thiago, que ele pode acordar". Thiago era o filho de dois anos de idade.
Um comentário:
Drª Vilma ontem dia 10/05/12 assisti na Rede Tv uma entrevista sua é fikei muito feliz em saber do seu trabalho como delegada da Mulher,pessoa k fala para o povo enteder,mulher k fala como mãe,a senhora é uma pessoa muito linda de alma tem uma historia de familia muito linda.Olha eu moro em uma cidade muito pequena no interior de Rondonia em Guajará-Mirim e trabalho em uma delegacia da Mulher me chamo Marcia Frasão de Lima e gostaria que a senhora recebesse um grande abraço e um Feliz Dia das Mães com toda admiração bjs.
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