Patrícia Palumbo
Muito se ouviu falar e muito se escreveu hoje sobre duas grandes estrelas da nossa música: Elis Regina e Nara Leão. Elis pela lembrança de sua morte, lá se vão 30 anos, e Nara pelo aniversário, ela completaria 70 não fosse o câncer que a levou precocemente.
As duas tem muitas diferenças, a começar pelo estilo. Nara foi cem por cento bossa nova no jeito de cantar mesmo um samba de Zé Kéti ou um pop clássico de Roberto e Erasmo. Uma mulher cheia de opinião e atitude mas com uma voz pequena se comparada ao furação Elis. Essa cantava de todo e qualquer jeito. Cheia de voz. E também de opinião. Dramática, cool, intensa, brejeira, não por acaso deixou tanta saudade e tanta vontade por uma voz que a substituísse nos corações do Brasil. Nunca houve. Até hoje, ninguém.
Nara e Elis muitas vezes estiveram de lados opostos como foi o caso da divertida e quase patética história da passeata contra as guitarras em 1967 que teve Elis na linha e frente ao lado de Gilberto Gil. Todos já sabem que nessa época Elis foi uma paixão para o compositor baiano. O encontro rendeu gravações memoráveis e canções históricas como “O Compositor me disse” , “Amor Até o Fim” e tantas outras. Nara assistiu a passeata da janela do hotel achando tudo uma bobagem, como de fato mostrou a história pouco tempo depois com Gilberto Gil e os Mutantes arrasando num festival de música com guitarras elétricas. Ao lado dela Caetano Veloso, que conta de maneira bastante divertida esse episódio no livro Verdade Tropical.
Essa é minha homenagem entre tantas milhares de outras pra essas duas maravilhosas personagens do nosso Brasil. Mulheres incríveis, artistas extraordinárias.
Quando penso no que elas poderiam estar fazendo hoje tenho a impressão de que estariam ambas gravando a turma nova como por exemplo Marcelo Camelo, Jeneci e Rômulo Fróes ao lado dos parceiros de toda vida. Mantendo assim a tradição que ajudaram a criar das grandes intérpretes, vozes da história desse país.
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