terça-feira, 15 de setembro de 2009

Terror comunista no Governo Leônidas Mello

Leônidas de Castro Mello. Foto sem crédito.

Leônidas de Castro Mello
Ex-Governador e Interventor Federal no Piauí

1939 – Primeiro Quadriênio - A 3 de maio de 1939 completei quatro anos de Governo. Não fora o Golpe de Estado de 10 de novembro de 1937 e nesse dia estaria findo meu mandato de Governador Constitucional. Mas, por força daquele Golpe passei a governar como Interventor Federal. Ao fim desses primeiros quatro anos já havia concluído todas as obras que meu antecessor deixara em andamento e realizado muitas outras. Dos atos do Governo, desse periodo, um teve repercussão em todas as camadas sociais e em todo o Estado: a prisão dos adeptos do comunismo. Esse ato, em princípio, foi, - por poucos embora, julgado como ato de violência. Mas logo depois, em face das angrentas intentanas verificadas no Rio, Recife e Natal passou a ser aplaudido e louvado por toda a população. Diga-se, de passagem, que no Piaui o comunismo nunca fez prosélitos numerosos e os seus chefes aqui parece-me que confiavam na prudência com que o Governo do Estado costumava agir. Viviam todos tranquilamente, em liberdade, apenas sob secreta vigilância policial. Talvez por isso quando autorizei a sua prisão foram todos encontrados facilmente em suas residências. Nas buscas dadas pela polícia poucas armas, apenas alguns revólveres e rifles foram apreendidos. Dizia-se que o depósito de armas era na cidade de Flores (hoje Timon), Maranhão. Mas as polícias dos dois Estados, agindo em entendimento e colaboração nada encontraram.

Merece narrar: no dia seguinte às prisões e buscas dadas pela policia o cel. Delfino Vaz, delegado Geral e o comandante da Polícia Militar, oficial do exército Abelardo Torres de Castro, foram a meu Gabinete mostrar-me uma folha de papel datilografada, sem assinaturas nominais, mas subscrita pelo "Comando Revolucionário Comunista" contendo instruções, em vários itens, para o "Movimento no Plauí". Dessas "Instruções" constavam uns dez itens, em linhas diferentes, ordenando que o "movimento" devia começar pelo ataque à penitenciária e libertação de todos os presos que seriam armados e incorporados aos "pelotões" atacantes; em seguida "tomar de assalto" o Palácio do Governo e o Quartel da Polícia Militar; se vitorioso o movimento, fuzilar "imediatamente" o Interventor (eu) e o chefe de Policia (desembargador Cromwell Barbosa de Carvalho). Deviam ser também fuzilados o Dr. Eurípedes Clementino de Aguiar e uma senhora da alta sociedade, à livre escolha do "Comando Revolucionário". Nunca pude compreender porque a inclusão do Dr. Euripedes de Aguiar entre os que deviam ser fuzilados. Ele, ao tempo, mantinha-se afastado do Governo do Estado, fazendo-lhe oposição, mas vivia dignamente, dedicado à sua família, gozando do melhor conceito social. Pareceu-me também inexplicável o fuzilamento de uma senhora da alta sociedade, "à livre escolha do Comando Revolucionário."

O desembargador Cromwell Carvalho, chefe de Polícia, admitiu que essas "Instruções" vindas de fora ou preparadas aqui visavam apenas a implantar o terror como arma comunista. Eu, porém, confesso que não dei muito crédito a esse "documento" e, por isso mesmo não permiti sua divulgação, muito menos sua publicação pela imprensa.
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Trechos do meu caminho (Memórias à feição de autobiografia). Teresina. Comepi, 1976, páginas 301 e 302.

Um comentário:

Airton Sampaio disse...

Nem precisa haver mesmo o tal documento. Esses "fuzilamentos" eram e são praxe entre os totalitários, quer de direita, quer de esquerda. Trata-se de se ter e manter o poder A QUALQUER CUSTO. Vide Franco, vide Fidel...